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A mostrar mensagens de novembro, 2014

a mulher de branco

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(clicar em PLAY, p.f.) Bach - Ave Maria by Yo Yo Ma & Bobby McFerrin on Grooveshark   Ave Maria (Bach), Yo Yo Ma & Bobby McFerrin à Marília Às vezes começas na solidão. Continuas a ser tu a verter-me leite nos olhos para me acalmar a paisagem quando o futuro insiste em rondar como um cão desconfiado. Trazes a paz como um manto a cobrir-te as costas. Pousas perto e mudas-me a roupa à imaginação. Vou ao espelho. Acho que fico bem assim, vestida de possibilidades. "Ficas bem assim.", dizes. Cheiras bem. O perfume tem massa e se tem massa tem velocidade e os perfumes são rápidos. Mas o perfume da aletria é tão imediato, que ainda há pouco estava a fazer tranças com os pensamentos e agora o mundo já me parece tão possível como dantes e a solidão é, afinal, só mais um sítio onde se pode pernoitar de quando em vez. Não percebo de onde trazes a claridade. Só sei que hoje à noite a clarabóia é a janela de uma nave espacial e eu d...

a fisionomia do esquecimento

(Clicar em PLAY, pf.) Remembering ( Avishai Cohen), Tiago Enrique  Ainda nem sabemos que há mais mundo para além de nós e já nos ensinam a fazer decalques da vida com papel vegetal. Ou a contornar a mão com um lápis. Para depois a retirarmos e ficarem os dedos lá espalhados no papel, a dizer-nos que a infância vai ficar por ali. Para o caso de a quererem encontrar mais tarde,  arrumada e  direitinha entre os livros de uma estante, escrevam a data e  o nome no canto da folha. É como se nascêssemos para este ofício oculto de  decalcar a fisionomia do esquecimento. E se calhar somos feitos de papel vegetal. Um dia alguém há-de vir  contornar-nos o rosto com a  mesma interrogação com que as mãos de uma criança mexem nas flores abandonadas por deus. Joana Manarte

a ilha

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(clicar em PLAY, p.f.) A Ilha (Djavan), Ogre Joana Manarte, 2014 Um facho de luz que a tudo seduz por aqui estrela cadente reluzentemente sem fim e um cheiro de amor empestado no ar a me entorpecer quisera viesse do mar e não de você um raio que inunda de brilho uma noite perdida um estado de coisas tão puras que movem uma vida e um verde profundo no olhar a me endoidecer quisera estivesse no mar e não em você porque seu coração é uma ilha a centenas de milhas daqui. Djavan