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A mostrar mensagens de abril, 2015

as manhãs deviam ser comboios a partir

(clicar em PLAY, p.f.) "...os modos lentos do comboio não resultavam de incapacidade motora. Eram, sim, gentileza. Uma afabilidade para com essas pequenas mortes, que são as despedidas." Mia Couto as manhãs deviam ser comboios a partir. talvez assim conseguíssemos saltar com a vida inteira para o último vagão e o último gesto já não fosse nosso. a ter que ser nosso, que fosse o movimento de uma nuvem que fazes crescer devagar a embaciar uma área pequena do vidro ou dos meus olhos. e quando essa nuvem denunciasse que ali, naquela carruagem, vai alguém que não sabe dizer adeus, acabariam por saber do poema que repetes à janela e que me encostas aos olhos todas as manhãs que deviam ser comboios a partir. Joana Manarte